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 Tudo Sobre Doenças

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Doença

 

Doença (do latim dolentia, padecimento) designa em medicina e outras ciências da saúde um distúrbio das funções de um órgão, da psiqué ou do organismo como um todo que está associado a sintomas específicos.[1][2][3] Pode ser causada por fatores externos, como outros organismos (infecção), ou por desfunções ou malfunções internas, como as doenças autoimunes. A patologia é a ciência que estuda as doenças e procura entendê-las.

Resulta da consciência da perda da homeostasia de um organismo vivo, total ou parcial, estado este que pode cursar devido a infecções, inflamações, isquémias, modificações genéticas, sequelas de trauma, hemorragias, neoplasias ou disfunções orgânicas. Distingue-se da enfermidade, que é a alteração danosa do organismo[carece de fontes?]. O dano patológico pode ser estrutural ou funcional.

O médico (incluindo o cirurgião- dentista) faz a anamnese e examina o paciente a procura de sinais e sintomas que definem a síndrome da doença, solicita os exames complementares conforme suas hipóteses diagnósticas, visando chegar a um diagnóstico. O passo seguinte é indicar um tratamento.

 

 

Conceitos de doença

 

Doença é um conceito complexo e multifacetado:[4]

  • Conceito do senso comum: A palavra tem em linguagem quotidiana diferentes significados, muitas vezes distintos do significado médico.
  • Conceito jurídico: Doenças dão a seus portadores determinados direitos (ex. não ir ao trabalho) e implica deveres para várias instituições (seguros de saúde, previdência social, empregador…);
  • Conceito social: ser "doente" implica um determinado papel social que provoca em outras pessoas compaixão, atenção, apoio. Além disso certos tipos de comportamento geralmente indesejáveis são aceitos (resmungar, não participar de atividades sociais…);
  • Conceito acional (Handlungsbegriff): O ter uma doença conduz a um determinado tipo de comportamento e a determinadas ações (procurar um médico, tratamento…);
  • Conceito profissional: A classificação de um fenômeno como doença implica que somente algumas classes profissionais podem realizar seu tratamento;
  • Conceito antropológico: Doença é uma forma de experiência humana como a felicidade, tristeza, luto, morte.

  Conceito médico

Por ter tantos usos e significados diferentes faz-se necessária uma definição que defina o uso científico do termo. O conceito de doença compõem-se, segundo Häfner (1981,[5] 1983[6]), de dois componentes: 1. o distúrbio de funções, grupos de funções ou de sistemas interpessoais e 2. o estado não é proposital - "doença" implica incapacidade. Além disso ele é formado em diferentes níveis: (a) a manifestação e (b) o desenvolvimento da doença, que caracterizam o "estar doente" (Kranksein); o conhecimento (c) dos órgãos afetados e (d) e do contexto patológico, de forma a se compreender como os primeiros três níveis se influenciam mutuamente; e pro fim (e) o conhecimento das causas de (c). Somente quando todos esses níveis são conhecidos pode-se falar de nosologia.

  Conceito bio-psicossocial

O conceito de doença descrito acima é o chamado "conceito médico". Ele localiza a doença dentro do indivíduo e a define como um fenômeno isolado, com causas biológicas e muitas vezes a ser tratado com medicamentos. Críticas contra esse conceito foram levantadas por várias ciências sociais (sociologia, antropologia, ciências da saúde, psicologia da reabilitação, etc.): uma doença não influencia somente o indivíduo, mas todas as pessoas que estão em contato com ele (família, amigos…); além disso ela tem não apenas consequências biológicas, mas sociais (isolamento, preconceito, etiquetação, etc.) e provocam muitas vezes mudanças no sistema social. Por isso se fala hoje de um conceito bio-psico-social, ou seja uma doença deve ser vista sob diferentes pontos de vista, de acordo com os diferentes fatores que a influenciam:[7]

  • Fatores biológicos - como a predisposição genética e os processos de mutação que determinam o desenvolvimento corporal em geral, o funcionamento do organismo e o metabolismo, etc.;
  • Fatores psicológicos - como preferências, expectativas e medos, reações emocionais, processos cognitivos e interpretação das percepções, etc.;
  • Fatores socioculturais - como a presença de outras pessoas, expectativas da sociedade e do meio cultural, influência do círculo familiar, de amigos, modelos de papéis socias, etc.

A literatura sobre sociologia médica em lingua inglesa costuma diferenciar esses diferentes aspectos da doença com o uso de três termos distintos (que no inglês quotidiano são usadas como sinônimos):[8]

  • Disease é a parte médica e técnica;
  • Illness refere-se à experiência pessoal da pessoa doente e
  • Sickness refere-se ao aspecto social e relacional da doença.

] Significado social da doença

A obesidade foi um símbolo de status na cultura do Renascimento: "O General Toscano Alessandro del Borro", atribuído a Andrea Sacchi, 1645.[9] É agora geralmente considerada como uma doença.

Uma condição pode ser considerada uma doença em algumas culturas e épocas, mas não em outras. Condições tais como o transtorno do déficit de atenção com hiperatividade e a obesidade são consideradas doenças por parte de alguns países desenvolvidos, mas têm sido considerados de forma diferente em outras culturas. Por exemplo, a obesidade também pode representar riqueza e abundância e é um símbolo de status em áreas propensas à fome e alguns lugares mais atingidos pela caquexia decorrente da AIDS.[10]

A doença confere a legitimação social de determinados benefícios, como auxílio-doença, desnecessidade de comparecer ao trabalho e recebimento de cuidadas por outras pessoas. Em contrapartida, existe uma obrigação por parte do doente a procurar tratamento e trabalho para voltar a ficar bem. Como comparação, considere-se a gravidez, que não é normalmente interpretada como uma doença ou uma enfermidade. Por outro lado, é considerada pela comunidade médica como uma condição que exige cuidados médicos.

A identificação de uma condição como uma doença, ao invés de simplesmente como uma variação da estrutura ou funcionalidade humana, pode ter importantes implicações sociais ou econômicas. Os reconhecimentos controversos como doenças do transtorno de estresse pós-traumático, também conhecido como o "coração do soldado", "choque de stress do combate" ou "fadiga do combate", da lesão por esforço repetitivo e da síndrome da Guerra do Golfo teve uma série de efeitos positivos e negativos sobre as finanças e outras responsabilidades governamentais, empresas e instituições para indivíduos, assim como sobre os próprios indivíduos. A implicação social de considerar o envelhecimento como uma doença pode ser profunda, embora esta classificação não está ainda generalizada. Os leprosos eram um grupo de indivíduos socialmente evitados ao longo da história e o termo "leproso" ainda evoca estigma social. O medo da doença pode ainda ser um fenômeno social amplo, embora nem todas as doenças evocam um estigma social extremo.



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